domingo, 23 de abril de 2017

Imaginário


Eu também queria ser imaginário, os problemas da vida adulta me sufocam e tiram minha energia como sanguessugas em um lago estranho. Os monstros que me assombravam ao dormir, me propuseram cessar fogo alegando que eu não sei sorrir. Acusaram-me de não ser mais o mesmo, me segurar ao passado e não seguir em frente, mas é difícil quando todo o resto tomou a dianteira e esqueceram de mim. 

O mundo continuou a girar mesmo comigo parado. 

Os monstros da minha infância só apareciam quando apropriado, sumiam quando dava tudo errado. Queria ser como eles, não medir minhas palavras, sem pesar na consciência, mas não é fácil assim. Vivemos para agradar os outros, mesmos que alguns tentem nos enganar dizendo que devemos nos satisfazer primeiro. Mas não passam de hipócritas metidos a oratórios do individualismo.
As criaturas das profundezas do edredom querem me expulsar do quarto, mas a escuridão é tão aconchegante. Elas logo abrem as cortinas me mandando tomar um Sol, mas não me vejo mais lá fora.
Ser adulto não é fácil.


Texto baseado na música 'Monstros' da banda Supercombo

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